terça-feira, 12 de abril de 2011

toque

A noite marcha e para. Triste é mesmo viver só de solidão (é mesmo triste). Mas passará, acalma o xilofone, apesar desse nome escroto. Vêm metais, nostalgia triste de um banda que não existe mais. Mistura de saudade com certo orgulho vazio de ter estado presente.


O toque é dela mas ele toca bateria, baixo, guitarra, tudo. Dentro dessa música, dessa noite, gira. Mais metais, mais o que se ver aos olhos dela. Até a verdade, velhaesquecidasozinha, vai dançar.


Baixo, bateria, canta baixo tudo que você quiser. Para deitar a cabeça de um lado e acompanhar o estalo do aro da caixa, plec, plec, plec, plec, sem deixar as palavras passarem sozinhas. Pelo mar (não existe imagem mais bonita, o mar e a despedida). Quando Jeneci toca sanfona a gente para para escutar (ou deveria).


Posso até me acostumar, mas a guitarra assim sozinha, fica claro, sente falta do amigo ruivo barbudo. Da gente se divertir. Sol e tempestade, lá de longe. Deixou fugir, voltam os metais.


Disposto até o fim, Kassin. Banjo. Também não é o Barba, mas lasca no prato de condução que até os tons surdos ouvem: estou em casa, obrigado.


Se tiver vontade, chama. Na imensidão do tempo, descansa e ouve tranquilo, reconhece. Rabeca arranhada ao final (sem duplo sentido). Mautner esteve aqui.


Quase um samba, pra te acalmar. ‘A gente na vida foi feito pra voar’ é a melhor coisa que o disco teria a dizer se soubesse que é isso que estamos fazendo. Conversando. Pulsos de guitarra e alguém diria para que mentalizássemos pulsar na mesma intensidade a região entre as sobrancelhas.


Rob trompeta. A gente só quer descansar. É um descanso a música inteira, o sol se pôr vermelho, às vezes, é só o que a gente quer ver. Perca-se a hora e o lugar, toque-se o violão perto de Jack Johnson, sozinho no final.


A despedida ainda não é a despedida. ‘Dar despedida’ não parece a expressão certa, mas é bonito, de novo, pensar no mar e na despedida, sem apego, ‘só’ despedida. Doente da falta que sente (do mar).


O amor é dela e por isso ele prefere falar por último. Dava para sentir mais que o perfume, de longe: dava para ouvir mais uma canção, na natureza selvagem. Está tudo aí.


Tudo.

2 comentários:

  1. Falta o amigo ruivo barbudo...

    ResponderExcluir
  2. Essa é a crítica de álbum mais genial que já li. Tinha lido, fiquei sem falar, voltei e reli. Muito bom. Falta o amigo ruivo barbudo, os outros 2, os shows no Centro Comunitário da UnB e o sentimento da faculdade de não ter nada a pagar ou a entregar, ou hora pra acordar. Camelo e Little Joy estão descansando os fortes acordes, e eu vou descansando junto com eles...

    ResponderExcluir