quinta-feira, 24 de março de 2011

Leia o balde, seja liberto e sinta menos dores no ciático

Tenho um orgulho da porra de, quando era jovem e inconsequente, ter feito parte d'o balde.

Era um jornal independente aperiódico (acho que a gente inventou essa palavra) produzido com muito amor e álcool por uma malta de malfeitores bem-intencionados.

Fui lá hoje, que já é ontem, e descobri que o endereço ainda existe. Vá até lá, você vai se sentir em casa ou no mínimo muito bem recebido, como quando visita a sua vó.

Faça essa cafajestada no seu ambiente de trabalho e vá lá mesmo, nem que seja para só para ler e ouvir cigarras ou conhecer o memorial dos povos indígenas sem precisar ir até lá ou ver fotos de afronta a policiais em protestos ambientais ou ler contos e matérias de mari reis, bia leal, pedrão valadares, sérgio carneiro, rejane saraiva e alexandre isomura (no ápice de suas inquietações subversivas, culturais, filosóficas e geográficas e muito antes de se tornarem pessoas sérias) e ler/ver fotopoemas de vinícius guarilha e poemas sem fotos de alen guimarães e tantas outras pessoas-artistas que a amnésia parcial causada pelos goles no gargalo de canção, chalise e mioranza escureceram da nossa memória juvenil.

Veja os contos de liana.f, desenhos fílmicos de gabriel morais e estevão mendes e poemas musicados de paulo ohana. Tem coisa minha lá também (no bom sentido).

Aconteceu o seguinte: era uma tarde alaranjada e tenebrosa e o nosso aparelho baldista foi violado. Eles levaram tudo: nossa máquina de escrever, nossos jornais impressos, nossos planos, nossos pobres enganos, nossos vinte anos e o nosso coração. Cagaram com o violão também e depois de breve tortura e extensa resistência aderimos à delação premiada e acabamos por entregar isomura, testa-de-ferro da nossa organização, presidente honorário e sócio fundador da yakuza em brasília.

Malditos militares, ursos-cães de unha marrom, velhas raposas do arizona.

Mas o pulso ainda pulsa e o balde ainda vive! Faça a resistência valer a pena, leia: www.o-balde.blogspot.com

Um comentário:

  1. É especialmente bom andar pelo terreno baldio. Ver um passado doce e criativo. Ter saudade do que foi. Passeio por experimentes! Lembranças que aconchegam e nos fazem esquecer que o tempo não há de parar nunca!

    Abraços, meu velho!

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