o
corpo todo se contorcia por falta d’água. olhava impacientemente para a
tatuagem, a casca espessa de tinta, a pele irritada sob a camada de pomada sem
cheiro. a data em letra curva, agora permanente, servia de lembrete: ‘faça por
ela’. as paredes se moviam para dentro, cruel e vagarosamente, porque é isso que as paredes brancas fazem. uma pétala de
dente-de-leão voava pelo quarto sem vento. os dias, os lobos cinzentos de
respiração quente, os copos sem fundo, as mulheres sem alma. sentia falta da
ausência de peso do corpo estendido entre a lâmina d’água, da alternância harmoniosa
dos braços, primeiro esticados à frente depois sob o torso em movimento curvo, que
contrastavam com a agitação constante e inumerada dos pés e pernas. a música,
submersa e abafada, dos seus pensamentos, o barulho fundo e apressado do
coração mergulhado, as pernadas brancas compassadas de dentro dos maiôs pretos
nas raias vizinhas, as luzes coloridas, a falta de ar. um lugar azul com cheiro
químico de casa em que as paredes de azulejos nunca saíam do lugar.
semana que vem… você pode contar azulejo até enjoar :)
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