segunda-feira, 11 de março de 2013

quimera


olhou para o rosto do filho dormindo. os cabelos loiros finos e o pijama de flanela esverdeado. as sobrancelhas longas e os pés pequenos. chorou por algumas horas. esfregou os olhos com força na tentativa de produzir alguma outra dor. levantou-se e caminhou envergado até a porta. era muito cedo e a neblina baixa deixava ver pouco do deserto cinzento. tentou respirar fundo, mas o vento frio queimou suas narinas. entrevia nitidamente o desespero que era pensar em procurar pela mulher. na cidade. no mundo. sentiu as costelas como mãos que repuxavam. quis gritar. a beleza do que haviam construído estava toda na dor, mas isso só fazia algum sentido se estivessem juntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário